Dessoma é um neologismo da Conscienciologia e significa descarte do soma, ou seja, o descarte do corpo físico. Evitamos falar em morte em nossas publicações técnicas, conversas e palestras por conta do peso histórico da palavra no imaginário popular. Morte significa o fim, luto, perda, choro e pesar. A dessoma, se entendida como parte necessária do processo de vidas em série, é apenas o fim de um ciclo de renascimento e morte pelo qual todas as consciências passam em sua evolução.
A Tertúlia 913, aula dada por Waldo Vieira em 19 de junho de 2008, tem como título Recepção Pós-dessomática. A especialidade é dessomatologia, ciência da Conscienciologia que estuda o processo de dessoma. O tema da Tertúlia destaca o papel da recepção extrafísica da pessoa que descartou o soma, ou seja, morreu. Na dessoma a consciência volta para sua paraprocedência, para os afins, para o grupo de pertencimento extrafísico. Paraprocedência é o local do extrafísico de onde viemos. Antes de nascer vivíamos em alguma comunidade extrafísica (comunex) que podia ser de um nível mais evoluído ou não.
Após a dessoma muitos de nós podem ser recepcionados pelas antigas companhias extrafísicas. Se você teve uma vida de assistência ao seu grupocarma, ajudando as pessoas de modo positivo, com ética e senso de responsabilidade, digamos que você conquistou mérito. É possível, assim, que haja uma recepção extrafísica mais festiva, em tom de homenagem, devido ao bom desempenho que aquela consciência obteve em sua jornada evolutiva no planeta.
Waldo Vieira vai da teoria sobre o assunto para a demonstração prática de como isso ocorre. Citou em sua aula o exemplo de Ana, uma cozinheira de Uberaba que trabalhava para ele e Chico Xavier. Ana era analfabeta e tinha um bócio enorme no pescoço. No entanto era zelosa de seu trabalho e fazia muita assistência a todos. Waldo Vieira teve a oportunidade de testemunhar uma recepção muito bonita após a dessoma de Ana. Nesta experiência Ana se revela como uma ex-condessa da Itália, uma de suas vidas.
André Shataloff é voluntário desde 1992. Ele participou da Tertúlia de 2008 e conversou com nossa equipe sobre sua experiência. Shataloff explica que uma das lições mais importantes que ele aprendeu é o fato de que podemos conviver com outras consciências cuja importância histórica desconhecemos. “A paraidentidade de uma consciência, como foi o caso da Ana, nem sempre corresponde à atual identidade em que se manifesta hoje”. Shataloff destaca também que precisamos entender nosso próprio cenário, ou seja, entender nossos amigos de convivialidade porque as pessoas em essência são as mesmas.
Shataloff alerta para as condições de muitas consciexes que entram em melancolia extrafísica (melex). Nem sempre a recepção de uma consciex é boa. Uma pessoa dessoma e pode ser recepcionada pelos assediadores, por consciências vampirizadoras. “Os afins acabam se atraindo”, explica André Shataloff. Por outro lado a melancolia extrafísica pode gerar uma condição em que a consciex, apesar de ser bem recebida, está em um estado psicológico tão ruim que nem percebe o que se passa à sua volta. “Essa consciex criou um ambiente tóxico e negativo, repleto de patopensenidade. Isto pode gerar um isolamento em que a consciex recém-dessomada, mesmo sendo recepcionada com festa no extrafísico, permanece em paracomatose”, explica Shataloff.
O importante, segundo Shataloff, é trabalharmos nossa condição aqui e agora para conquistarmos mais lucidez em nossa dessoma ou morte. A recepção pós-dessomática demonstra, sob vários aspectos, a real condição daquela consciência perante o cosmos.